Não existe bolha imobiliária e setor ganhará força após a Copa, diz Ricardo Amorim

ricardoamorim

Ricardo Amorim, apresentador do programa “Manhattan Connection” da GloboNews.

O economista Ricardo Amorim, apresentador do programa “Manhattan Connection” da GloboNews, acredita que as pessoas que estão esperando pelo estouro de uma possível bolha imobiliária para comprar uma residência por um preço mais atrativo estão adotando uma estratégia equivocada.

Durante o evento de lançamento da parceria entre a Bloomberg e o InfoMoney em São Paulo, Amorim disse que o setor imobiliário – e os preços dos imóveis – tendem a ganhar força após a Copa, já que muita gente que está adiando a decisão de compra por causa desse tipo de temor terá de rever essa posição, o que vai reforçar ainda mais a demanda.

Leia a seguir os principais trechos da palestra realizada no escritório da Bloomberg, em São Paulo:

Sao Paulo Skyline

Vista panorâmica da cidade de São Paulo – SP / Foto: Fernando Stankuns

IMÓVEIS
Temos a sensação de que há uma bolha imobiliária no Brasil porque os preços subiram quatro ou cinco vezes desde o início da década passada. Mas não dá para comparar os preços atuais com os antigos porque antes não havia crédito.

Naquela época, só comprava imóvel quem tinha dinheiro para pagar à vista – ou seja, pouca gente. Mas agora há condições de financiamento bem mais favoráveis. Quando comparamos os preços brasileiros com os internacionais, a gente percebe que não há uma grande distorção. Comparei o preço dos imóveis com a renda da população e constatei que um brasileiro precisa gastar 13 anos de salário para comprar uma casa atualmente.

Em uma lista com 123 países, o Brasil aparece apenas na 48ª posição nesse quesito. Outro forte indicador de que não há bolha imobiliária é que estudei quase 100 casos e percebi que nunca houve um estouro de bolha em um país onde o crédito imobiliário representasse menos de 50% do PIB. No Brasil, não chega nem a 10% do PIB.

Há três anos que muita gente fala que a bolha imobiliária vai estourar depois da Copa. Então há uma enorme quantidade de brasileiros que está segurando a compra, pensando em aproveitar a queda dos preços quando ela ocorrer. Mas isso não vai acontecer. Depois da Copa vai ter a demanda natural de quem é comprador e vai ter a demanda de quem esperou o estouro de bolha que não veio. Então acho que o mercado imobiliário vai, na verdade, ganhar força depois da Copa – e isso não está na conta de ninguém.

chinavista

Cidade de Pequim, na China.

CHINA
As pessoas falam muito da bolha imobiliária no Brasil, mas, nos próximos dois anos, a bolha que pode estourar é a chinesa. O Brasil constrói cerca de 400 mil residências por ano. Os Estados Unidos faziam cerca de 2,1 milhões de residências por ano antes do estouro da bolha imobiliária. Já a China construiu 22 milhões de moradias no ano passado.

O número de chineses é 6,5 vezes maior que o de brasileiros, mas eles fazem 55 vezes mais casas. A outra bolha chinesa é a do crédito. No ano passado, 40% de todos os financiamentos via mercado de capitais foram para a China. Não sei quando essas bolhas vão estourar, mas uma hora vai acontecer e os impactos serão sentidos no mundo inteiro.

newyorkvista

Cidade de Nova York, nos EUA.

EUA
Os EUA podem se tornar o único motor da economia mundial se os emergentes continuarem desacelerando. O problema é que o número de companhias americanas que estão revisando suas projeções de lucro para baixo é o maior da história. Também não sei exatamente quando vai acontecer, mas acho que as Bolsas americanas, que estão quebrando recordes históricos, vão entregar os pontos no segundo semestre, ou no máximo no ano que vem.

Avenida Paulista

Avenida Paulista, em São Paulo – SP.

BRASIL
O crescimento da economia brasileira decepciona há quatro anos. Mas não tem crise, tem letargia. A capa da “Economist” com o foguetinho brasileiro em parafuso foi mais uma correção do exagero anterior do Cristo Redentor decolando do que o prenúncio de uma grave crise. O FMI prevê que o Brasil vai crescer 1,8% neste ano. Eu acho que se chegar a 1% já será muito.

10 PONTOS DE OTIMISMO E OPORTUNIDADES SOBRE O FUTURO DO BRASIL

Provavelmente, a economia do Brasil tenha que piorar antes de melhorar. Mas não faltam motivos para ser otimista com o futuro do país no longo prazo:

  1. A infraestrutura tem muito a crescer. A China constrói a cada ano mais infraestrutura que toda infraestrutura que o Brasil possui;
  2. Temos o pré-sal, mas a Petrobras está com a corda no pescoço. Vamos resolver isso porque a Petrobras precisa explorar logo essas reservas. O consumo de petróleo nos países desenvolvidos cai a cada ano. A demanda é sustentada pelos emergentes. Então o governo vai ter que criar condições para acelerar a produção;
  3. O consumo das famílias cresce mais do que o PIB quase todo ano desde 2004, fazendo com que o comércio também cresça mais do que PIB. Neste ano o aumento das vendas do varejo deve desacelerar para algo próximo a 3%. Mas ainda assim é um crescimento acima do PIB;
  4. O superávit do agronegócio aumentou de US$ 10 bilhões para US$ 90 bilhões nos últimos 10 anos. Nenhum país tem mais área cultivável disponível que o Brasil. E o mundo quer consumir os alimentos que a gente pode produzir;
  5. O interior do país deve continuar crescendo acima da média principalmente devido ao agronegócio e à mineração;
  6. A educação vai continuar crescendo mais que o PIB no Brasil porque as pessoas agora têm mais condições para estudar. Todo o setor de saúde também vai crescer em ritmo mas acelerado que a média da economia brasileira, incluindo hospitais, laboratórios, redes de farmácias e planos de saúde. O que o governo não entrega o setor privado faz;
  7. 20 milhões de brasileiros ingressaram nas classes A e B e 40 milhões de brasileiros ascenderam para a classe C nos últimos 8 anos. Essas pessoas não querem só comida. Elas vão consumir mais serviços de saúde, educação, transporte, energia e lazer;
  8. Quase 30% das famílias brasileiras recebem o Bolsa-Família. No Maranhão, esse percentual chega a quase 60%. Então as regiões mais pobres do Brasil vão continuar crescendo acima da média das áreas mais ricas;
  9. O setor de serviços consegue repassar preços porque ninguém aqui vai cortar cabelo na China mesmo que lá custe um décimo do que é cobrado aqui. Então esse segmento, que não importa competição externa, vai continuar crescendo mais rápido e com melhores margens que os demais;
  10. O setor imobiliário vai continuar em alta de preços, ainda que não no ritmo dos últimos anos, e o volume de vendas deve se recuperar no segundo semestre, no ano que vem e, principalmente, a partir de 2016.

 

Via Infomoney

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